O papel do pai nos primeiros meses do bebê: como encontrar seu lugar na nova família
A chegada de um bebê transforma tudo. A rotina, o corpo, as emoções, o relacionamento — e principalmente, a identidade.
A mãe costuma perceber seu novo papel logo na gravidez. O corpo muda, a atenção se volta para o bebê, ela começa a se preparar, mesmo sem perceber.
Já o pai pode sentir um certo atraso nesse processo. Não porque ele não se importe, mas porque muitas vezes a experiência da paternidade só se torna concreta depois do nascimento.
E nesse começo, ele pode se sentir de fora. Inseguro. Sem saber como ajudar.
Mas isso não significa que ele não tenha lugar. Significa apenas que esse lugar precisa ser construído — com espaço, com afeto, e com presença.
O pai “ajuda” ou também é protagonista?
Durante os primeiros meses do bebê, muita coisa gira em torno da mãe.
Ela está em recuperação física, está lidando com o puerpério, com as mudanças hormonais e emocionais. Se estiver amamentando, então, parece que o vínculo é todo dela — e só dela.
O pai, muitas vezes, se sente sem função. E às vezes a própria mãe (sem querer) reforça isso: prefere fazer sozinha, não confia que ele vá fazer “direito”, ou acha mais rápido tomar a frente de tudo.
Mas isso impede o pai de construir o vínculo com o bebê.
Ser pai também é aprender fazendo. Com erros, com dúvidas, com o coração.
Não, o bebê não deve chorar até que a mãe chegue
Um pai pode — e deve — ser o primeiro a ir até o berço.
Pode pegar o bebê no colo, oferecer um carinho, cantar, dar a mamadeira se não houver amamentação exclusiva.
Ele pode e deve fazer parte do cuidado ativo, e não só ficar esperando ordens ou “autorização”.
O que a mãe pode fazer para ajudar o pai a ocupar seu espaço
Sem culpa, e sem se forçar a delegar o que ela não quiser, ela pode:
Pedir ajuda de forma direta, e não por indiretas ou ironias.
Aceitar que ele faz diferente. E tudo bem! O que importa é o vínculo, não a técnica.
Confiar, mesmo nas falhas. Porque a perfeição não é o objetivo.
E mais importante: evitar críticas duras ou piadas que desautorizem. A mãe já está cheia de dúvidas sobre si mesma. O que ela mais precisa é acolhimento.
E o que o pai pode fazer para se posicionar como pai?
Estar presente. Mesmo sem saber exatamente o que fazer. O vínculo nasce da convivência.
Criar momentos só seus com o bebê. Um banho, uma música, uma volta no colo.
Não esperar instruções o tempo todo. Sugerir, propor, assumir pequenas rotinas.
E principalmente: não criticar a mãe.
Se não for para acolher ou ajudar, talvez o melhor seja o silêncio respeitoso e uma presença afetuosa.
Só isso, às vezes, já é um grande gesto.
Eu diria que a mãe está ali para o bebê, e o pai está ali para a mãe.
Lembro que chorei de gratidão só por ter recebido um elogio do meu marido, nos primeiros meses com meu primeiro filho. Cheia de emoções confusas, aquele reconhecimento realmente me ajudou como mãe.
E sim, existe puerpério para o pai também
A gente fala muito — e com razão — sobre o puerpério da mulher. As mudanças hormonais, o cansaço, as oscilações de humor, o choro que vem do nada…
Mas muitos homens também vivem uma espécie de puerpério.
Um choque de realidade, uma mistura de medo, de cobrança, de insegurança, de sensação de invisibilidade.
Alguns sentem raiva. Outros tristeza. Muitos não falam nada — e se fecham.
Esse sofrimento também merece atenção. O pai não é um coadjuvante. Ele também está atravessando uma transição.
O casal também precisa ser cuidado
O pai não é só pai. Ele também continua sendo parceiro.
E parte do papel dele é ajudar a cuidar da relação.
O puerpério não é o momento de exigir, mas sim de somar.
Propor um descanso para a mãe, levar um lanche, ouvir com paciência, deixar claro que ela não está sozinha.
E se algo não estiver bem, não é o caso de culpar. É o momento de conversar, procurar juntos uma forma melhor de viver essa nova fase.
🧡 Se vocês estão se sentindo perdidos, desconectados ou com dificuldades para se escutar, a terapia de casal pode ajudar.
Um espaço para reorganizar o que mudou, fortalecer o vínculo e entender o que cada um precisa.
Agende uma conversa comigo!